quarta-feira, dezembro 14, 2005

Fim de semana inesquecivel

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Não tenho complexos quanto à minha formação. Arranquei uma licenciatura a ferros em psicologia, que nunca cheguei a exercer, jamais me passou pela cabeça fazer uma pós graduação e muito menos um mestrado, fosse do que fosse. Naquele momento arrependi-me amargamente de não o ter feito. Durante toda a noite enfrentei um mestrado em sensualidade amorosa e um doutoramento em sexo contorcionista. Tudo contra o meu auto didactismo. Valeu-me a minha capacidade de aprendizagem rápida e a faculdade que sempre tive em me adaptar às situações mais exigentes. Tinha algo a meu favor: seja qual for a formação, a capacidade imaginativa acaba sempre por dominar. E momentos houve em que dominei. Tirei o meu mestrado. Confirmei o meu doutoramento. Aclamado com distinção. Exigência do repetir. Mas aquele dominar cedendo que nos faz tremer, estremecer, fechar os olhos e deixar-se ir. E todos os outros momentos. Foi sempre do meu apreço aquele principio, uma vez eu, outra vez tu e quando o milagre acontece, porque não ao mesmo ritmo e tempo. E depois a igualdade é muito bonito e nunca fez mal a ninguém. Não sei se bati o meu recorde, na verdade nem mesmo sei se tenho algum recorde, mas que perdi a conta, lá isso perdi.

Acordei com o sol batendo-me na cara. Acho que não cheguei bem a dormir duas horas. Ora, para dormir há sempre tempo!

- Foi o sol que te acordou? – Perguntou, deitada a meu lado. – Durmo sempre de persiana aberta. Deu para descobrir.

- Foi o sol e uma fome danada. – Respondi. Na noite anterior o jantar tinha sido leve. E depois o exercício físico sempre me abriu o apetite.

- Será que ainda aguentas um bocado? – Um sorriso completava a pergunta.

Podem não acreditar, mas senti o meu corpo tremer todo. Não passo de um homem perfeitamente normal, não possuo nenhuns super poderes e não suporto sequer a ideia de ouvir: não tem importância, querido, isso acontece. Sentia-me esgotado, vazio e sem forças para fazer qualquer movimento. A não ser que se esteja casado há mais de dez anos, ninguém tem a coragem de dizer isto a uma mulher linda, perfeita e deitada nua a nosso lado. Rodei o corpo, estendi um braço e nos beijamos.

Mais uma vez mostrou que se tratava de uma mulher refinadamente inteligente e de fino trato. Deixem para lá os pormenores, mas aquilo que eu pensava que só depois de uns bons quinze dias de absoluto repouso é que voltaria a dar acordo de si, eis que, sem qualquer constrangimento ou timidez, não se fez rogado e grita presente. Compreensiva, encarregou-se ela de todo o trabalho, se é que tal palavra se deve empregar. A mim restou-me estar presente. Uma presença suavemente participativa. O cansaço não me permitia os ímpetos da noite anterior. Deu para cumprir e não deixar os créditos por mãos alheias.

Foi um fim de semana absolutamente inolvidável. Jamais faço projectos, mas acho que, em dado momento, fiz alusão a um futuro qualquer. Coisa leve, quase imperceptível, mas que foi o suficiente para me preocupar. Foi algo de instintivo. Não gostei. Felizmente ela não o entendeu como tal ou se entendeu fez de conta que não, e a coisa passou em branco. Atirei as culpas para o cansaço.

A nossa despedida do fim de semana decorreu durante o jantar num pequeno e acolhedor restaurante em Cascais. Enquanto pousava na mesa o copo de água, depois de ter bebericado uns pequenos golos, disse-me que no dia seguinte, às cinco da tarde, apanhava o avião para os Estados Unidos. Fora convidada para uma faculdade e pensava montar arraiais por aquelas bandas. A notícia fora de chofre e, no primeiro segundo, não reagi. Em boa verdade, que raio de reacção é que eu haveria de ter? Fiz perguntas de circunstâncias e durante a sobremesa desejei-lhe um mundo de felicidades. Recebi um convite para a visitar e a promessa que me escreveria.

Deixei-a à porta de casa e ali nos despedimos. Não fui ao aeroporto. As despedidas naquele local sempre me angustiam.

Já passaram sete meses e até agora não recebi nem sequer um simples postal. Cá no meu intimo também não esperava receber. Acho ser esta a razão, pela qual não consigo recordar-me do nome dela. Sou capaz de repetir palavra por palavra, todas as nossas conversas, descrever com precisão cada curva do seu corpo, cada marca na sua pele, cada gemido, cada sorriso, mas não consigo recordar como era mesmo o seu nome. É tão estranho este esquecimento que muitas vezes sou assaltado pela dúvida, se ela alguma vez, me tenha dito o seu nome.

Na próxima, nem que tenha de tirar fotocópia do bilhete de identidade. Juro que não vou esquecer.

11 comentários:

Impensamental disse...

bom dia, foi um belo paseio pelas cartas perdidas.

Andy More disse...

Ainda existem amigos aqui na net, poucos é certo, mas os que tens são do melhor... Não vim aqui comentar o teu post, vim apenas desejar-te:

Parabéns a você, hoje é dia de festa cantam as nossas almas, para o menino Alex uma salva de palmas!

Feliz aniversário e porque não também
Feliz Natal

http://ababushka.blogs.sapo.pt/

Menina Marota disse...

Soprou-me um passarinho que fazia anos...e venho dar.te um abraço de Parabéns e, também desejar-te um FELIZ NATAL

FELIZ ANIVERSÁRIO ;)

Poesia Portuguesa disse...

FELIZ ANIVERSÁRIO!
Um beijo de Parabéns...e, um FELIZ NATAL ;)

Mitsou disse...

Parabéns, Alexandre!
Ando desaparecida mas fui avisada e aqui estou para te deixar um beijinho especial.
Como diz o Friedrich, há amigos na net sim senhor e eu orgulho-me da tua amizade pela pessoa que és e pela escrita com que nos encantas.

Melhor, dois beijinhos porque o outro é pelo teu regresso :)

wind disse...

Vim avisada que fazes anos. Os meus parabéns e felicidades. Já agora um bom Natal e óptimo 2006:)

Afrodite disse...

rai's partam a constipação, mai-la tosse e o nariz ranhoso e o corpo todo amassadinho, 'tadinho, (ainda se assim estivesse graças a um mestrado e doutoramento...).

Por pouco perdia a oportunidade de te dar uma beijoca! Logo hoje!

Ai como eu gostaria de te conceder o grau de MBA dis-honoris causae in gripis aphroditis!

Parabéns, pá!

§(~_~)§ beijo da Afrodite
(uma carinha d'anjo toda ranhosa e lacrimejante, num corpo espectacular todo partido, com tudo fora do sítio, no auge do prazo, sem forças nem alentos)

Luís Monteiro da Cunha disse...

Consta-se que fazes anos... ainda bem! Sempre é mais um para conta.
Como não podia deixar de ser... cusquei o blog, antes de resolver comentar e... quase me dava uma coisa de rir assim tanto.
Gostei e possívelmente irei voltar.

Há... é verdade, o motivo que me trouxe...

PARABÉNS pelo aniversário.
Onde ficam os comes?...

Um abraço

Conceição Paulino disse...

B'dia Alexandre :) O dia 18 começou há pouco. Só agora, antes de ir dormir tive umtempinho par vir espreitar o PC e decobri k fizeste anos ontem. Tenho andado meio arredada. menos tempo e o Kanguru sendo + lento cria-me + alguns problemas de gestão.
Mas isso agora não importa. Importa sim k te quero desejar um bom ano, este k ora começou, cheio de saúde, força e coisas boas. Mil votos de felicidade e parabéns (estou a cantar, ouves?)
B
j
o
c
a
s

de luz e paz, aos molhinhos :)

lobices disse...

...abraço de Feliz Natal

Kashinha disse...

cara, achei seu blog sem querer. e adorei a maneira com q escreve. descreve. sua paixão pelas mulheres.
perfeito.

eu me arrisco a escrever um pouco. gostaria q voce desse sua opinião sobre meus humildes textos.

abraços