domingo, abril 03, 2005

Aí, já é

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Meus olhos estão nos teus
E os teus, silenciosos, quase hipnotizados
Entregam-se sem resistência aos meus
O desejo explode de uma só vez
Almas torturadas pela distância
Sentimento puro, que é todo solidez
Desejamos o corpo, queremos a alma
A noite passa, o amor domina
Até o descanso... Enfim, a calma
Tem algo de para sempre e sem juízo
Amor doce, desejo louco
Encontramos no sonho o paraíso...

Aí já é o amor. Finges não saber, mas aí já é, irrefutável. O pensamento não cria outras formas além do seu caminhar, a maneira como prendes os cabelos, tuas opiniões sobre filmes que falam do amor assim como dito aqui. A interrogação fica no ar à procura do entendes. Não podes negar que é amor, mesmo que encontres outras palavras para apontar como esse sentimento usa roupas maltrapilhas. Antes que a tua boca termine o contorno de uma difamação, o amor se apressa na troca de roupas e se oferece com o frescor de rara manhã de céu aberto. Portanto, abaixa essa armadura, destranca o sorriso e se fores beber, que ao menos nos entrelacemos na possível busca de novos prazeres.

O homem dos livros põe de lado o almanaque, gesto distraído, pouco ensaiado. Que se não engane, ele não lê. Só enxerga de longe pretensos poetas, escritas rabiscadas na poeira do tempo, os óculos, esses, são para perto. O homem dos livros tem barba, estantes, encadernações e fiadas de sonhos e musas empoeiradas. Pilhas nas mesas, cadeiras e no chão. Faz promoções de letras usadas, tratadas, amarelas e relegadas aos pés de página. O homem dos livros conhece a força das letras encorpando uma onda. A maior da lua, a que tem a arrebentação mais bonita, enrolada, a de água morna, a que pensa que vai partir a rocha, a que desliza na areia e desfaz as marcas. Os óculos são para ver de perto o verde esbatido e denso do mar de palavras formando a onda mais espessa. E é ele quem permanece de pé para ver a última espuma se desmanchar e guarda em segredo que é esse o deleite do poema. E aí já é amor.

6 comentários:

Anónimo disse...

Quantas vezes os caminhos se cruzam sem que a gente os conheça, quantas vezes essa união num só não acontece com quem nem conhecemos...Que faças sempre esse caminho, mesmo quando não conheces..sempre a procura desse amor, dessa perfeiçao...Um beijo doce
MissLadyMystery -> http://MundoDosSonhos.blogs.sapo.pt

Anónimo disse...

Gostei do que por aqui li e vi... as fotos são muito bonitas...e os textos suaves... prometo voltar com mais tempo para te ler com atenção ;-) beijo

Anónimo disse...

Ainda bem que te perdes em deambulações, gostei de com elas ter chegado até aqui... muito belo o espaço, este sim convida e ajuda a relaxar acalmar e reflectir, bom caminho o teu, continua em busca desse mundo perfeito que ambos gostamos. Parabéns
João

LUA DE LOBOS disse...

senti-me lá...muito obrigada
xi
maria

Anónimo disse...

Esperando que a letra esteja mais pequena, renovo o pedido de imprimires os teus escritos e me ofereceres. Nada havia que mais gostasse..... Bj da Fernanda

Cris disse...

Meus olhos estão nos teus
E os teus, silenciosos, quase hipnotizados
Entregam-se sem resistência aos meus(...)

Aí já é amor.(...)

O homem dos livros(...)não lê. (...)Os óculos são para ver de perto o verde esbatido e denso do mar de palavras formando a onda mais espessa. E é ele quem permanece de pé(...) e guarda em segredo que é esse o deleite do poema. E aí já é amor.



Como amor é esta força q imprimes às palavras... como amor é a ambivalência de sentidos que fermenta por sob uma capa de palavras em labirinto!

É bom ler-te! E é um desafio permanente!...

um beijo imenso