terça-feira, março 01, 2005

A busca

As chuvas correram naqueles últimos dias, coisa rara, e um gosto muito doce passeava entre minha imaginação e um céu por inventar. Não houve estrelas e nem uma só interrogação entre nossas mãos. É que, quando existe gota de paciência entre as nossas coxas, parece que todo o olhar, mesmo entre a hesitação e interrogação, conjura as fogueiras e as árvores completas, de ramos, de folhas e de chuva, num calor que o frio contraria.

Existe sim um sentir e mais do que um enternecer: uma queda entre teus gemidos, uma respiração forte por sobre os teus substantivos, os tais que nos viciam. Os dragões, eles sim, mais aliados que chamarizes de flecha e esquiva.

Então faço-me perceber no exacto momento em que olho nos teus olhos e no preguear a testa descubro a dúvida, sem saber o que tanto procuro. É esse aquele meu jeito de caçador. É o que está dentro de mim e além do aquém da vontade, mesmo entre a sombra e uma medida de lama. Entre todos os gritos, as entranhas e viscos e poesia, as linhas das mãos desenhadas.

Tanto o que existe muito para além da chuva dos últimos dias e aquele gosto minguante. E, embora o sentir não fale nada, pois seria o despertar do absurdo se falasse, sabia que jamais ocorreria de contar a quem fosse o segredo do que guardo entre meus olhos. Ele não há-de jamais se reputar a estranhos.

Vivo dentro do sonho e parte disso é verdade: não há fresta mais onde fixar, nem cor em meus advérbios. Sei que há sentir muito em todas essas paredes e além da chuva; vivo dentro de um desejo por inventar. Falta muita coisa, como devem ser essas medidas, mas há ainda muita coisa. Depois, e além disso, não posso descortinar. Afinal, que procuro eu?

1 comentário:

Cris disse...

Algures, nas linhas das mãos, está escrito o que procuras... talvez esse segredo q guardas entre os teus olhos... talvez a verdade desse sonho... talvez o seres plenamente tu...

Eu quando aqui chego venho em busca destas palavras lindas que tão bem sabes pintar...

Um beijo imenso