sábado, março 12, 2005

A Tela

f767048.jpg
Desviei os meus olhos da tela,
Branca, ofuscante
E pela janela do quarto descobri
Que não havia nem vento nem tempestade,
O céu azul profundo começava a cobrir o dia.
A brisa marinha atingia o meu rosto,
Como num acalento.
O mar feito suavidade quente,
Reflectia a beleza virginal das sereias.
E eu, em pensamento voei até lá,
Desci até a praia e meus pés tocaram as areias brancas,
Amante eterna daquele mar animoso.
Cedendo ao convite naquele tapete aveludado sentei-me,
Hipnotizado pelo som do mar e seu incansável vai e vem.
Cresceu em mim meus desejos de te ver,
Que iniciaram um aluvião de mariposas dentro de mim.
Era por ti que meu corpo clamava,
Num grito surdo à beira mar.
Na linha do horizonte vejo teu barco...
Mergulhei no mar e encontrei teus olhos,
À procura dos meus
No teu corpo feito barco entrei sem bater...
Encharcado pelo mar salgado,
Pelos ombros fluía uma túnica
Vestido com o brilho da lua e exalando o perfume do meu desejo.
Enquanto as estrelas fingiam dormir,
Tu me amaste...
E eu te amei, com o corpo e com a alma.
Preso em teus braços,
Nos teus olhos pude vislumbrar o mar, revolto de prazer...
E de um instante a outro, o serenar extasiado...
Completo... Satisfeito...
Em meus olhos a maré mansa...
Tranquila... Serena...
Deixei teu barco e num mergulho profundo alcancei a areia,
Olhei para trás mais uma vez,
Com um aceno discreto,
Refiz o caminho de volta à janela do meu quarto,
Olhei novamente a tela vazia a minha frente...
Continuei a escrever...
Tentando pintar as cores que escaparam

6 comentários:

Anónimo disse...

Nesta tela de amor, deixaste que as cores do arco-iris tomassem conta dela.
~Bom fim de semana
beijo

Anónimo disse...

Estou a responder e, apesar de o comentário não permitir música, ela soa-me nos ouvidos e na mente...
Li e voltei a ler...e,

detive-me aqui...


"...Olhei para trás mais uma vez,
Com um aceno discreto,
Refiz o caminho de volta à janela do meu quarto,
Olhei novamente a tela vazia a minha frente...
Continuei a escrever...
Tentando pintar as cores que escaparam"

E, a imagem que é ... como eu gosto que seja...

Um abraço. Gostei de ler-te...;-)

Anónimo disse...

Há uns dias q aqui venho, leio, detenho-me e fico simplesmente à janela a ver essas cores que vês e até as q te escaparam... Perco-me nessa imagem que colocaste e neste som que me embala e fico quieta, sentada aqui a um canto... porque n me apetece ir embora...

Cada poema q aqui colocas é mais bonito q o q o precede e cada um parece mais sentido q o anterior!... e cada vez eu gosto mais de cá vir e permanecer!...

Um beijo

Unknown disse...

Como sempre um texto fantástico, és realmente um escritor de classe, recordar da forma que sabes só mesmo uma pessoa sensível como tu...Os meus parabens.e um beijo
Obs.Nunca acreditei que te ias embora...

Mitsou disse...

Olha, estou como a Cris...fico, não me apetece ir embora. Tens duas casas e em ambas nos sentimos tão bem! Não sendo mulher de fé, apetece-me dizer "God bless you!"
Um beijo, poeta.

Mia disse...

Que bonita forma de dizê-lo ;)
(Reparei que desde o ano passado não escreveste mais...