terça-feira, fevereiro 08, 2005

Em silêncio

Ali, na praia deserta, olhando para a areia molhada, descubro as marcas de uns pés descalços. No ar, misturado com a maresia, o aroma de um perfume meu conhecido, cuja marca sempre me escapa, mas na hora de te oferecer acabo por acertar. Sempre sorris quando ofereço o teu perfume preferido, pois sabes que eu nunca decorei o nome. Não preciso, ele tem o teu nome. Um segredo que guardo e partilho sempre com o teu sorriso. Não quero nunca perder esse sorriso.

Eu sei que não sou mais do que uma simples invenção em horizontes reinventados, uma imagem retida em fugazes instantes de silêncios partilhados, pequenas migalhas que esvoaçam pelos trilhos desenhados do éter. Sou o fruto de uma semente germinada no subconsciente da tua consciência que tenta, em desespero, desabrochar na nudez dos sentidos. Contigo e em ti, as correntes se libertam e a melancolia, derramada na areia molhada é levada pelas ondas que se espraiam na areia mas, para minha felicidade, não conseguem chegar às marcas dos passos que, indeléveis, deixaste.

Quedo e em silêncio. Aguardo a caminhar dos passos descalços, o encurtar de distâncias…

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