terça-feira, fevereiro 08, 2005

Tempo parado

Ouvi em silêncios envolvidos nos desejos a custo dominados, a súplica de um abraço que fosse, com toda a profunda simplicidade, o natural prolongamento dos nossos corpos, a invasão de um espaço vazio, o querer contrariar as leis que a física ordena.

Queria assistir contigo o acordar da lua num leito de ondas. Percorrer no imaginário uma espera que não acaba nunca, eliminar a distância que nos separa, correr contra o tempo e recuperar um tempo que desbaratei algures. Ter paciência para esta tamanha impaciência. Esquecer tudo, esmagar entre os dedos uma razão que não queremos ouvir, que nada nos diz e que apenas nos faz sentir vazios.

Queria-te sentada no meu colo e, num afago leve, nossos dedos enlaçados, sentir no meu pescoço o rendilhado da tua saliva. No suave adormecer dos nossos sentidos, permitir que sejamos penetrados de amor, até às miudinhas veias em êxtases intensos.

Inventa mentiras que sejam as nossas verdades, solta olhares que escondam os nossos sorrisos, fabrica um tempo que seja apenas o nosso, escolhe o local, encurta a distância. E vem. Vem, porque ambos sabemos como parar o tempo…

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